Diante da persistência de críticas infundadas ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), recomendo a leitura do artigo publicado hoje na Folha de S.Paulo por Marcelo Miterhof, economista da instituição. Ele aponta e desmonta três mitos que têm sido criados em torno da atuação do banco.
Miterhof diz, com toda a razão, que há forte viés político e ideológico no debate sobre o BNDES. Ele se contrapõe esse viés com sólidos argumentos técnicos e fundamentados.
O primeiro mito diz que o BNDES inibe o mercado de capitais. O economista mostra que é justamente o contrário. Ao atuar com as empresas desde o início até a abertura de capital, a governança sai fortalecida. Com a transparência corporativa fortalecida, a formação de investidores é estimulada. O BNDES também usa ofertas públicas para atrair investidores menores, estimulando o mercado de capitais.
O segundo mito é que o BNDES concentra sua ação em setores tradicionais e pouco inovadores. “Isso é um mito porque não há ativismo na definição das operações a serem apoiadas. O BNDES não aponta projetos a serem feitos. São as empresas que os estruturam e buscam o banco, que os avalia”, afirma.
Além disso, o suporte à internacionalização de grupos brasileiros envolve inovações ligadas ao domínio das cadeias globais. E o apoio a grupos brasileiros de tecnologia também está presente no banco.
Por fim, Miterhof desmonta o mito de que os empréstimos do Tesouro para reforçar as captações do BNDES estariam recriando a "conta-movimento". Essa modalidade foi extinta em 1986 e dava acesso automático do Banco do Brasil a recursos do Banco Central. Isso levava a critérios menos rígidos na concessão de crédito.
“A comparação é no mínimo forçada. O BNDES não toma recursos do BC nem busca sanar problemas de liquidez. Os empréstimos são devidamente expressos no seu balanço e na dívida pública, sendo apenas uma fonte de captação”, afirma o economista.
Ele lembra que a comparação devida seria com o acúmulo das reservas cambiais. Um alto nível dessas reservas nos protege da vulnerabilidade externa. E os empréstimos ao BNDES irrigam a economia com financiamento de longo prazo.
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