RIO — Os organizadores da Jornada Mundial da Juventude, marcada para 23 a 28 de julho, já preparam um plano B para o caso de o número de pessoas superar o público esperado — até pela curiosidade, já que o evento provavelmente será a primeira viagem ao exterior do novo Papa, a ser escolhido num conclave em março. A preocupação é evitar superlotação nas duas fazendas de Guaratiba que receberão os peregrinos para a vigília do dia 27 e a missa campal do dia 28. A estimativa é que as fazendas Vila Mar e Mato Alto, rebatizadas para o evento como Campus Fidei (Campo da Fé), comportem 1,5 milhão de peregrinos e outras cem mil pessoas — incluindo organizadores, voluntários, pessoal terceirizado e jornalistas. Caso haja demanda, fiéis remanescentes poderão assistir à missa em telões que serão montados na Praia de Copacabana para outras celebrações.
— Essa é uma hipótese para evitar a superlotação. Ainda não está garantida a transmissão. Porque o espírito da jornada é que os fiéis façam a peregrinação até o local da missa. Mas vamos monitorar os acessos. Como há limitação de espaço, isso vai ser controlado — explicou Jomar Júnior, da coordenação de produção da jornada.
Ontem, o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, abençoou os terrenos onde a missa será celebrada, numa cerimônia que marcou o início das obras de preparação das fazendas para o evento. A previsão é que os serviços de terraplenagem e urbanização sejam concluídos até o fim de junho. Os últimos 30 dias serão reservados para testes de som e luz. Dom Orani evitou fazer previsões sobre se as fazendas — que medem quase 3,5 milhões de metros quadrados — teriam capacidade de absorver todos os peregrinos:
— Só o futuro vai dizer. Um indicador será a quantidade de peregrinos que vão chegar no sábado para a vigília e dormir à espera da missa do Papa.
Local terá 6 mil bebedouros
A bênção ocorreu na Fazenda Vila Mar, no local exato onde será construído o altar. O formato da estrutura já foi aprovado pelo Vaticano, mas está sendo mantido em segredo. Sabe-se apenas que o palco deverá ter de 130 metros a 150 metros de largura, com capacidade para receber até 1.800 pessoas.
Já os espaços para os peregrinos serão divididos de forma a comportar de 30 mil a 50 mil pessoas distribuídas por lotes, com um total de seis mil bebedouros, 7.200 banheiros químicos e tendas de alimentação. A drenagem, porém, será superficial: Jomar admitiu que, se chover forte, o local poderá ser tomado por lama.
— Mas, historicamente, julho é um dos meses de menor precipitação na cidade — lembrou Jomar.
Os cerca de 30 telões de Copacabana serão empregados, originalmente, na exibição de uma via-sacra na Avenida Atlântica, com a presença do Papa, em 26 de julho. Também mostrarão, um dia antes, um evento de boas-vindas, presidido por dom Orani. Nos dois casos, haverá um palco na areia da Praia de Copacabana, na altura da Avenida Princesa Isabel.
Para chegar às fazendas, os peregrinos terão que percorrer 13 quilômetros a pé, a partir da Avenida das Américas (no Recreio), da Avenida Brasil (na altura de Paciência) e das imediações da Rio-Santos (em Santa Cruz). Órgãos de segurança já estão fazendo o reconhecimento da área. Ontem, equipes da Polícia Rodoviária Federal visitaram o local.
A programação completa da Jornada Mundial da Juventude deve ser fechada até maio. Estão previstos também shows e exposições pela cidade, antes mesmo da semana do evento. Um dos principais, a chamada Feira Vocacional, que inicialmente seria na Praia Vermelha, mudou de lugar para atender a um pedido da prefeitura, de evitar aglomeração de pessoas nas proximidades do Pão de Açúcar. A feira será agora na Quinta da Boa Vista, em data ainda a ser divulgada.
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